sábado, 29 de junho de 2013


Vem, querida minha

Vem, querida minha, vem .
Estou aqui,
aqui
pertinho de ti.
Será que me não vês?
Será que a minha mente
é transparente ?
É ?.
Mas o meu corpo querida
não o sentes em ti ?
Ó minha vida
ungida !
E as minha mãos
amor
não te fazem calor
no meio de ti ?
E a minha boca
não a sentes
amor
dentro da tua ? Louca
Louca, louca, maluca
é mesmo o que tu és .
Porque eu estou aqui
tão perto
que melhor fora dizer
que te absorvo
e tu és todo
o meu e o teu
deserto .
E se tu me não vês
também é certo
que te não vês a ti .
Porque nada mais há
aqui e ali
do que eu em ti
que tu em mim.

Geraldes de Carvalho

sábado, 22 de junho de 2013


Coberta de mar

Completamente coberta
coberta de mar.
Teus seios 
apenas 
despertos no cimo
onde eu vou
-se for-
eu vou navegar .
A tua barriga submersa
submersa
promete-me sonhos
promete 
loucuras que 
eu 
não 
vou 
divulgar.
Andei 
ó 
perdido
andei tão sozinho
sem sol 
sem estrela
que possa apagar
até que te vi
que te pressenti
na beira
na beira do mar
submersa
submersa
com os  seios por cima 
brilhando
brilhando.
E eu disse ;
esta é minha estrela 
meu sol 
ó 
o astro
que posso apagar.
Deitei-me por cima 
por cima de ti
e sem ar
te apaguei
e sem ar morri
morri de te amar.

À beira
no meio
no meio do mar.

Geraldes de Carvalho




terça-feira, 11 de junho de 2013


O canto do humano

Estou aqui .
Quase não sei
mesmo quem sou .

Mas sinto, sinto
meu coração pequeno
fiel à vida .

Ele bate, rebate
e ao bater
envia para cima
o sinal de viver
à minha mente .

E é então 
que sinto e sei
que sou gente.

E por saber
começo a repensar
a meditar :
Porque é que estou
aqui ?

Não encontro resposta 
é a verdade .
Porque a resposta é 
o mesmo meditar 
que a si não se conhece .

Não sabe como é
sabe apenas que é.

Esse saber não me contenta.
Procuro saber mais .

E é esse procurar
que é a vida :
Mais e mais
e mais.

Geraldes de Carvalho