quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014


206- Lembranças

Os ramos sem folhas da minha figueira
lembram-me os doces frutos que comi no verão .

Mas é apenas uma lembrança.


Caminhando sem destino pelos campos
lembro-me da minha infância na nossa horta .

Mas falta-me a forte companhia do meu pai.


Às vezes sonho ainda com a minha escola primária .
Aprendi muito com o velho professor.

Ele não me batia porque eu era pequenino. 


Quando me casei era muito desempenado
por isso desposei uma deusa .

Mas nunca cheguei até ao céu.


Do que mais me censuro
é de ter perdido pelo caminho muitos amigos.

Encontro-os na minha lembrança.


Geraldes de Carvalho

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