Palavras
deixai-me, deixai-me
Quando
te vi
e
te amei
-logo
te amei -
fiquei
em ti
em
ti me transformei .
E
porque amor
a
mim não tenho,
quando
te vi
me
destruí
te
destruí.
Por
isso agora,
oh
meu amor,
vou
construindo
neste
cantar
sobre
os destroços
de
ti, de mim
neste
lugar,
neste
lagar
em
que me esmago
e
espremo,
um
outro ser a ti igual
e
a mim também
mas,
meu amor
num
outro grau
superior
supremo
;
um
outro grau
em
que o amor
oh
meu amor,
está
para aquém...
Ah
se eu pudesse livrar-me das palavras
destas
palavras-pedras sem sentido
mas
pesadas
pesadas.
Palavras
que me afastam de ti
palavras
que te pintam
te
modelam
te
constroem
como
se tu existisses realmente...
Como
um canto insistente nos meus ouvidos
que
não sou eu
que
tu não és ;
uma
imagem ofuscante nos meus olhos
que
não sou eu
que
tu não és ;
um
rugoso abrasivo nos meus dedos
que
não sou eu
que
tu não és ;
um
cheiro forte e incerto no meu nariz
que
não sou eu
que
tu não és .
E
a minha mente cheia de ti
como
se fosses eu
e
não só nos meus sonhos,
no
meu sonho
como
sonho que és
ou
que devias ser.
Oh!
palavras, palavras
rimas,
libertai-me
delas
aqui
ficar deixai-me, só
só,
só e só comigo
que,
ainda que macho inteiro,
sou
ela
ela,
ela e ela
ela
ela
ela
ela
ela