terça-feira, 17 de setembro de 2013



Há mar e mar

Há mar e mar.
O mar que me invade 
e assola.
O mar que me afaga.
O mar que me enrola.

Há mar e mar.
O mar dos segredos
das longas viagens
-que foram tamanhas-
para terras
 -terras dos degredos-
que foram estranhas . 

Há mar e mar
o mar dos corais
dos longos abismos
e dos areais

Há mar e mar
dos monstros marinhos
que em grutas sombrias
ignotas 
ignotos
navegam sozinhos .

Há mar e mar
dos gozos ao sol
das ondas tamanhas
o mar da aventura
Mar do sofrimento
intenso
o mar da tortura.

Há mar e mar
o mar que é só água
mas onde se morre
de sede 
de saudade 
e mágoa.

Há mar e há mar
Quem o queira ouvir
abra a boca toda
para o engolir.

Engula as tormentas
os barcos parados
os monstros marinhos
o sol a areia
loucuras
pecados .
Os peixes nadantes
os bichos pequenos  
viscosos
rastejantes
escuros
e outros
de cores brilhantes 
de luzes que piscam
e choques  eléctricos
paralisantes .

Afunde-se nele
com a boca aberta
e engula essa vida
que a doze mil metros
pulula
secreta.

E se ainda assim
amar esse mar
amar este mar
ajunte-se a mim .

Geraldes de Carvalho


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